TESTEMUNHO
Há vinte e sete anos, uma moça jovem, feliz, cheia de planos e com um lindo bebê de seis meses, chora sozinha em sua sala de estar. A tristeza e a dor são tão grandes, que ela não tem sequer forças de tomar em seus braços a bebezinha gorducha e risonha que balança as perninhas no carrinho, enquanto estica os bracinhos em sua direção, pedindo colo.
A impotência faz o coração disparar, fazendo as lágrimas caírem com força. Ela olha para sua filhinha que fora tão desejada e tem absoluta certeza de que não irá vê-la dar seus primeiros passinhos, nem ouvi-la dizer suas primeiras palavras. A jovem moça está morrendo. A vida escorre pelos seus dedos e o fim é apenas uma questão de tempo.
Ela sente o espírito de morte à espreita. Alguma coisa, porém, lhe impede de desistir e se entregar: a sua linda beberrucha. Com os olhos cheios de lágrimas, a moça estende sua mão na direção de sua pequena filhinha e diz: “Deus, eu não posso morrer agora. Eu preciso viver por ela.”
Nesse momento, ela sente uma mão lhe tocar e, inexplicavelmente, consegue ver essa mesma mão entrar em seu corpo e puxar para fora dele algo muito escuro. Logo, no lugar daquela escuridão, ela vê brilhar uma luz como nunca havia visto em toda a sua vida; uma luz que percorreu e iluminou todo o seu corpo. A jovem mãe fora curada.
Essa jovem era eu. Sozinha naquela sala de estar, vivi um milagre que mudou a minha história. Não aconteceu numa igreja, não havia padre ou pastor. Apenas eu, minha filhinha e o Rei do Universo, o “Eu Sou” com Seu infinito amor, o maior amor do mundo.
Não há como continuar sendo a mesma pessoa, depois de uma experiência como essa. Não há como olhar a vida sem sentir gratidão, olhar para o próximo e não sentir amor, olhar para as estrelas do céu, a natureza e os seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus, e não crer em Sua existência. É impossível não haver uma mudança de dentro para fora e não desejar amar a vida profundamente, mesmo que a injustiça ainda habite neste mundo; impossível não desejar que todo tipo de ódio, arrogância e preconceito um dia termine.
Vinte e sete anos depois, muitas conquistas, alegrias, perdas e dores, estiveram presentes em minha vida. Na caminhada, encontramos tanto os espinhos como as flores. Mas, se nós conseguirmos manter viva a fé e a esperança, e aprendermos a viver um dia de cada vez, venceremos todos os obstáculos.
Caminhar confiando em Cristo, não é ter uma religião, mas adotar um estilo de vida. Muitos crêem, porque ouviram falar; eu creio porque vi e vivi algo lindo, tremendo e sobrenatural. Por isso, entreguei este coração imperfeito, mas grato por tão grande amor, e espero, até o dia em que eu posso vê-Lo face a face, para finalmente compreender tudo o que agora ainda não compreendo.
Por que compartilho essa experiência? Não tenho a mínima idéia. Muitos, talvez, não acreditem. Outros, quem sabe, possam até achar graça ou dizer que é papo de doido ou de religioso. Não importa. Talvez, tudo o que eu tenha dito aqui, sirva apenas para fazer com que alguém que tenha perdido a esperança e esteja a ponto de desistir, não desista pelo simples fato de dizer que a mão que me curou, salvou e mudou a minha história – a mão de Jesus Cristo, é capaz de fazer o mesmo por ela. Se você é essa pessoa, então valeu a pena contar.
FATIMA RIBEIRO